O final dos anos 70 marcou o surgir do Enduro em Portugal como prova desportiva. Naquela altura as corridas surgiram como resultado de vontade de alguns grupos de amigos quererem fazer algo mais do que passear ao fim-de-semana. Foi isso mesmo que aconteceu na zona de Sintra, com a realização do Enduro das Praias, considerada como a primeira prova de Enduro disputada em solo lusitano, no já longínquo ano de 1979. A divisão das classes era simples: 50cc e mais de 50cc, com as primeiras a estarem divididas entre motos preparadas e motos de série. O vencedor da classe reservada à 50cc “artilhadas” foi o falecido Bernardo Ferrão, enquanto nas mais de 50cc ganhou Júlio Lopes. As 50cc de série foram ganhas por um piloto de Cascais, ficando na segunda posição um dos históricos da modalidade, António Lopes.
Nesse mesmo ano, em Outubro, surge na Figueira da Foz aquele que deveria ter sido o primeiro Enduro verdadeiro, com regras idênticas ao que se fazia a nível internacional, por força de José Mendonça, um jovem que gostava de andar de mota na terra e que tinha estado presente nos Seis Dias de 1978 na Suécia para fazer uma reportagem para o jornal Motor. Mendonça recolheu toda a informação possível na prova sueca e quis fazer igual, mas um problema burocrático levou a que todo o programa de fim-de-semana fosse encurtado (onde estavam incluídas demonstrações de Trial, speedway e mesmo exibição de filmes sempre a rondar o mesmo tema: as motos). A prova não se realizou devido a um problema burocrático surgido à última da hora, mas como na altura o jornal Autosport noticiava pela mão de Jorge Viegas “Não houve prova, mas salvou-se a ideia!”. Como curiosidade, refira-se que na altura um dos motivos apontados para uma presença algo reduzida dos pilotos teve a ver com o facto de esta prova já ter um regulamento “bastante elaborado, segundo os moldes internacionais, pelo que muitos dos concorrentes, inclusivamente muitos dos que correram no Enduro da Duas Praias não tiveram possibilidade de pôr as suas máquinas em condições de alinhar”. Daí para cá a modalidade evoluiu da forma que todos sabemos, mas só em 1985 os portugueses foram pela primeira vez aos Seis Dias conforme António Lopes referiu já em 1996 “a prova disputou-se em Espanha e todos achámos que era uma oportunidade que não deveríamos perder, nem que tivéssemos que pedir dinheiro emprestado aos bancos como foi o caso.” Esta participação acabou por quase terminar na primeira subida da prova, mas de qualquer forma foi o pontapé de saída definitivo para a modalidade em Portugal.
O panorama nacional hoje em dia é muito diferente. Tanto pilotos como selecções já são encarados a nível internacional com enorme respeito, sendo os principais factores não só a profissionalização dos pilotos mas também o nível organizativo dos nossos eventos.
Com efeito, Portugal tem hoje em dia uma reputação organizativa internacional como muito poucos países, sendo a prova disso as continuas atribuições de eventos internacionais que se têm pautado pelos três primeiros do ranking da FIM – Federação Internacional de Motociclismo. A nível nacional o Campeonato é constituída por 6 provas e, com as suas realizações, têm promovido atividade económica aos locais por onde “passa” e brindado as “gentes” da região com este espetacular desporto.